
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida – como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos;
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
Maria do Rosário Pedreira
4 comentários:
Olá, Elsa! Obrigada pela visita... (e pelo estímulo!...) Foi da maneira que se tornou facílimo encontrar o "Ars Vitae"! Primeiro que eu juntasse aquele papelito anotado e o computador... ainda ia levar tempo!!! :-)))
Antes de mais, neste reencontro, faço já um agradecimento à jovem professora que me ajudou a dar os primeiros passos na blogosfera... Muito grata!
Feito isto, vamos então ao "comentarius", pois ainda não será "comentarii" :)))
Gostei muito do poema (vou copiar...) Começa de um modo suave, está carregado de erotismo... Mas como estamos na "arte de viver", temos de dar um abanão ao sujeito poético. Entrega-se demais à saudade, ao desânimo pela partida do amante! Ora eu acho que devemos pensar em tudo o que tivemos de bom, em vez de sobrevalorizarmos o que não temos.
Tenho dito!
Manuela, que bom vê-la por aqui... no meu cantinho!
Ao seu agradecimento eu respondo-lhe com outro agradecimento: obrigada pela amizade e saberes e experiências que generosamente partilhou comigo na EB 2,3 Comandante Conceição e Silva. E obrigada por continuar a inspirar-me!
Quanto ao sujeito poético do poema da Maria do Rosário Pedreira, concordo plenamente com a Manuela: vamos lá aproveitar a vida, cada dia, cada momento, e deixar de lamentar o que se perdeu ou o que não se pode ter. Bora lá!
Beijinhos.
´Bora!...
Viver tem de ser mesmo uma arte! Logo, a "Ars Vitae", obrigatoriamente, terá de o reflectir!...
Vivamos!... :-)))
Vivamos! :)
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