terça-feira, 29 de setembro de 2009

o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias

o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

José Luís Peixoto

2 comentários:

Anónimo disse...

Como sempre, a sensibilidade à flor do coração:)

Beijinho.

Ana Paula

Manuela Caeiro disse...

O tempo anda tão solto, tão solto que não se dá por ele!...
Que tens feito?
Um xi-coração.